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quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Toques de esperança de pessoas especiais


“…não enquadrado no “espírito natalício”, de expressões circunstanciais, de despesismo, de ricos e de lázaros, uns esbanjando e os outros, ao lado, aguardando as migalhas caídas.
    Confiemos que, num futuro – qualquer dia – o NATAL seja mesmo isso, sem casebre e sem reis magos, bastando as almas  quentes e generosas  de pastores, libertas das lendas... ternas embora...
    No entanto, apraz-me, aproveitando a essência  fraterna desta quadra para, com o  coração, aconchegar-me ao calor das outras pessoas sempre reconfortante, o que, de verdade, bom seria se acontecesse todos os dias. Afinal,  NATAL  sem limites, sentido do coração, mesmo que tão só com pensamentos e afecto e Amor…. “



A.F.




terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Graça Divina em 2015

de Maria

em 29 Dez 2014
http://www.fundacaomaitreya.com/imagens/lotus2.png   O caminho espiritual necessita de um enquadramento, duma perspectiva, pois ele existe para um fim específico. Há, então, uma razão para se praticar a via da realização espiritual, onde a meditação é o pilar de auto sustentação para essa realização através da metodologia e pela frequência dessa prática. Há de facto, uma variedade de métodos propostos por doutrinas filosófica ou religiosas, que ensinam que, por uma prática regular de meditação se pode encontrar a felicidade no interior, vindo a tornar-se numa vivência do dia-a-dia, tal como respirar ou comer. Ganha-se uma natural predisposição, onde depois se desenvolve o seu próprio método.

Com a prática o organismo se vai purificando dos bloqueios energéticos e melhorando a capacidade para receber a Graça Divina, realizando, então, experiências mais místicas. Esta descida de energia divina, muitas vezes direccionada especialmente e em certas ocasiões é dispensada dos planos superiores para a humanidade. Receberá maior quantidade desta energia quem estiver mais bem preparado em seu coração e mente. Ela desce livre e gratuitamente e manifesta-se sobre o ser humano que sinta atracção e, predisposição espiritual pelo conhecimento iluminador, pois é pura energia, pronta a revelar-se no interior de cada um e, com efeitos de expansão de Consciência. Gratuita e incondicionada pode manifestar-se de diversas formas e mais ou menos intensa, que depende então, da capacidade espiritual do receptor.

Abhinavagupta, o percursor do Shivaísmo de Cachemira indica três estágios dessa energia:
Intensa, média e débil.

A Graça intensa é energia divina potencialmente criadora, transcendente e pela qual o coração e mente refulgiam totalmente. É um intenso samādhi espontâneo, regenerador espiritual que contribui ainda mais para a integração na Unidade ou Divino. É a comunhão permanente! Não há eu e Ele: é o Eu Sou Ele! Já não há dualidade, nem esforço pessoal para obter algo.
A Graça média é uma energia de amor sentida e recebida como um bálsamo no coração (samādhi mais curto) que pode permanecer durante horas ou dias, onde fulgura a intuição iluminadora, porém, pode não haver muita consciência da sua origem, mas uma grande aspiração espiritual.
A Graça débil ou mais fraca é sentida esporadicamente sem consciência donde surge essa força ou energia de amor, mas leva tal Ser a maior trabalho interior (prática de meditação), para que essa energia sublime volte a acontecer e possa alcançar uma absorção cada vez maior: é ainda a via do esforço, para a concretização espiritual.

Depende, então do grau de evolução espiritual do receptor para abarcar um destes tipos ou escalas de energia e, a sua progressão quer mais rápida ou lenta, depende apenas da persistência do praticante.

Esta energia espiritual ou divina que desce sobre a humanidade e a recebe com menor ou maior intensidade quem estiver preparado, representa uma benesse, quase como um prémio que se ganha com a realização espiritual. Contudo, ela não é dada como um privilégio, mas como um resultado do esforço na perfeição através de vidas e vidas, até que, quando chega a recebê-la intensamente, foi porque se preparou mental e espiritualmente para abarcar a Graça Divina na sua plenitude. É assim, que é inútil querer apressar o passo, usando métodos fáceis enganadores de iluminação pela corrente de modalidades espirituais actuais, em adquirir cursos rápidos de fins-de-semana. A preparação para receber tal Graça, seja intensa, média ou débil depende somente do trabalho interno de cada um (a taça na sua medida), na persistência na caminhada espiritual, de purificação, de sublimação, de aspiração e, sobretudo, de devoção na Divindade.

Há, de facto, muita gente a querer meditar para relaxar sem acreditar em Deus. Pergunta-se, para quê? Se não se acredita em Deus como reconhecer a Graça Divina quando ela desce? Sim, passa despercebida, o que é um desperdício…

A esperança como mensagem para um Novo Ano é que cada Ser seja cada vez mais consciente de si mesmo, tornando-se o próprio Graal, podendo deste modo, ser mais sensível às energias que são dispensadas frequentemente para a humanidade. Ao recolhê-las e reconhecendo-as plenamente como Graça Divina, será então clara e jubilosamente um bom Ano.

FELIZ ANO 2015!

Maria Ferreira da Silva
Spiritus Site


sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Quando um homem quiser – Ary dos Santos

(Grata E. por me lembrar este  poema tão especial do Ary. Nesta quadra que prima pela alienação, que a lucidez se erga em acção! Mais terrível que a habituação à realidade que nos rodeia, é o fazer de conta que ela não existe)


Tu que dormes a noite na calçada de relento
Numa cama de chuva com lençóis feitos de vento
Tu que tens o Natal da solidão, do sofrimento
És meu irmão amigo
És meu irmão
E tu que dormes só no pesadelo do ciúme
Numa cama de raiva com lençóis feitos de lume
E sofres o Natal da solidão sem um queixume
És meu irmão amigo
És meu irmão
Natal é em Dezembro
Mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
É quando um homem quiser
Natal é quando nasce uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto que há no ventre da Mulher
Tu que inventas ternura e brinquedos para dar
Tu que inventas bonecas e combóios de luar
E mentes ao teu filho por não os poderes comprar
És meu irmão amigo
És meu irmão
E tu que vês na montra a tua fome que eu não sei
Fatias de tristeza em cada alegre bolo-rei
Pões um sabor amargo em cada doce que eu comprei
És meu irmão amigo
És meu irmão
Natal é em Dezembro
Mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
É quando um homem quiser
Natal é quando nasce uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto que há no ventre da Mulher



José Carlos Ary dos Santos


Conto de Natal – Jorge Fernandes






Conto de Natal – Jorge Fernandes






Hoje levantei-me mais tarde.
Não fiz a barba; saudei o Sol e agradeci aos meus órgãos internos por manterem este corpo vivo.
Bebi um chá e saí com o meu cocker. Fomos passear num local longe do trânsito. Guiei-o pela trela porque ele não vê, e ambos formos absorvendo o Tao; como ele se manifesta em múltiplos sons.
Ouvi a água a correr, o assobiar do vento nas folhas das árvores. Ao longe o ladrar de um cão misturado com o cacarejar das galinhas, mais perto de nós uma melodiosa canção dos passarinhos.
Vi no céu azul o desenho que as pombas combinaram num circulo perfeito. Um rebanho de ovelhas manifestava-se em desafio num prado verde.
Neste espaço harmonioso corriam de vez em quando alguns atletas sem fazer qualquer estrago.
Escutei demoradamente esta orquestra da natureza, grato por também meus pensamentos participarem da música. Surgiu então um som moderno - sem vida própria, uma mensagem do telemóvel que lembrava que o natal é quando um homem quiser. Verdade, pensei eu! Para os outros seres é todos os dias, disse-me o Putchi calado.

De regresso à agitação normal do Natal, trouxe no ouvido a voz rouca de Joe Cocker a dizer que continua vivo.



Jorge Fernandes



Ninhos




Maria, publico um trecho da sua mensagem porque ela encerra (especialmente o último parágrafo) um dos maiores propósitos do meu caminho nestes já largos anos… A gratidão é minha. 

Adelina




….há caminhos que se entrelaçam como as madeixas que desenham uma trança.
há caminhos que se cruzam obedecendo a uma coreografia como a das marcas deixadas pelas lâminas da patinagem no gelo.
há caminhos que se cruzam em emaranhados de algodão doce.
há caminhos que se cruzam de forma delicada e resistente e criam impressionantes rendas de bilros.
eu gosto de rendas de bilros.
os melhores ninhos são construídos com rendas de bilros.
as melhores rendas de bilros são as que nos mostram que a estrada pode ter muitas cores.
e os melhores ninhos são os que nos dão a segurança de não precisarmos da magia de terceiros, a consciência de que o segredo para voltar ao ninho está nos nossos próprios pés…

Maria José Duarte (sobre o Encontro de Reiki de 22 de Novembro)






A Vinda do Cristo




A Energia Crística em nós, é o veículo da vinda do Mestre









Obra de Nicholas Roerich

Natal de Quem? João Coelho dos Santos

Natal de Quem? 

Mulheres atarefadas
Tratam do bacalhau,
Do peru, das rabanadas.
- Não esqueças o colorau,
O azeite e o bolo-rei!
- Está bem, eu sei!
- E as garrafas de vinho?
- Já vão a caminho!
- Oh mãe, estou pr'a ver
Que prendas vou ter.
Que prendas terei?
- Não sei, não sei...
Num qualquer lado,
Esquecido, abandonado,
O Deus-Menino
Murmura baixinho:
- Então e Eu,
Toda a gente Me esqueceu?
Senta-se a família
À volta da mesa.
Não há sinal da cruz,
Nem oração ou reza.
Tilintam copos e talheres.
Crianças, homens e mulheres
Em eufórico ambiente.
Lá fora tão frio,
Cá dentro tão quente!
Algures esquecido,
Ouve-se Jesus dorido:
- Então e Eu,
Toda a gente Me esqueceu?
Rasgam-se embrulhos,
Admiram-se as prendas,
Aumentam os barulhos
Com mais oferendas.
Amontoam-se sacos e papeis
Sem regras nem leis.
E Cristo Menino
A fazer beicinho:
- Então e Eu,
Toda a gente Me esqueceu?
O sono está a chegar.
Tantos restos por mesa e chão!
Cada um vai transportar
Bem-estar no coração.
A noite vai terminar
E o Menino, quase a chorar:
- Então e Eu,
Toda a gente Me esqueceu?
Foi a festa do Meu Natal
E, do princípio ao fim,
Quem se lembrou de Mim?
Não tive tecto nem afecto!
Em tudo, tudo, eu medito
E pergunto no fechar da luz:
- Foi este o Natal de Jesus?!!!


















João Coelho dos Santos